Parei de falar porque o Augustus não parecia mais estar prestando atenção. Em vez disso, olhava para o Isaac com os olhos semicerrados.
— Espere um instante — ele murmurou para mim, andou até onde o
Isaac estava e o agarrou pelos ombros. — Cara, travesseiros não quebram.
Tente alguma coisa que quebre.
O Isaac pegou um troféu de basquete da prateleira acima da cama e o segurou no alto da cabeça, como se esperasse uma permissão. — Isso — o Augustus disse.
— Isso! — O troféu se espatifou no chão, o braço de plástico do jogador de basquete separado do corpo, ainda segurando a bola. O Isaac começou a pisotear o troféu. — Isso! — disse o Augustus. — Acabe com
ele! — E, se virando para mim: — Já faz algum tempo que venho procurando uma forma de dizer ao meu pai que, na verdade, eu meio que odeio basquete, e acho que encontrei.
Os troféus vieram todos abaixo, um a um, e o Isaac pulava neles e gritava enquanto o Augustus e eu mantínhamos uma certa distância, as testemunhas daquela insanidade. Corpos mutilados de jogadores de basquete de plástico lotaram o chão acarpetado: num canto, uma bola sendo espalmada por uma mão sem corpo; no outro, duas pernas sem tronco no meio de um salto. O Isaac continuou atacando os troféus, pulando neles com os dois pés, gritando, ofegante, suado, até que, por fim, cansou e caiu em cima dos destroços.
O Augustus deu um passo na direção dele e olhou para baixo.
— Está se sentindo melhor? — perguntou.
— Não — murmurou o Isaac, o peito inflando por causa da respiração ofegante.
— Esse é o problema da dor — o Augustus disse, e aí olhou para mim.
— Ela precisa ser sentida.